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O futuro do empreendedorismo é feminino

Elas são donas de quase 200 mil empreendimentos e representam grande parte dos novos negócios abertos em solo capixaba.


A bióloga Denize Nascimento é proprietária da nativa Ecocosméticos/ divulgação Bandes



Nos últimos anos, as mulheres roubaram a cena no mundo dos negócios, dominando os mais diferentes nichos de mercado e crescendo nas estatísticas. Uma pesquisa do World Gender Gap Report 2022 aponta que, em um cenário de crise, durante a pandemia do novo Coronavírus (Covid-19), o empreendedorismo feminino deu um salto global e só no Brasil a participação das mulheres nos negócios avançou 41%.


De acordo com informações do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae-ES), as mulheres já são donas de quase 200 mil empreendimentos e esse cenário correspondem a uma grande parte dos novos negócios abertos em solo capixaba. A maioria das empreendedoras é negra (56,7%) e atua por conta própria (85,1%). Mais de 93 mil empreendedoras são as chefes de domicílio, ou seja, as responsáveis por manterem o sustento da casa e isso representa mais de 45% dessas mulheres. Os setores em que as mulheres empreendedoras se destacam são Serviços (47,5%); Comércio (26%); e agropecuária (15%).


Alguns fatores podem explicar o aumento da presença feminina no empreendedorismo. Ambientes de trabalho e salário desiguais, horários nada flexíveis e a crise pandêmica são exemplos que podem ser citados. Para elas, que normalmente já têm dupla jornada, esses são motivos cruciais para a tomada de decisão de abrir o próprio negócio. Diante disso, a atuação feminina tem sido expressiva, mas ainda é necessário o incentivo, como capacitações, para preparar as futuras empresárias para o mercado.


Parceiro das empreendedoras


Um ator fundamental dessas ações no Espírito Santo é o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), que, em 2021, lançou o Mulheres Empreendedoras, o programa de formação para mulheres com aulas direcionadas para o empreendedorismo, mercado de trabalho e educação financeira. A ação é desenvolvida em parceria com a Associação Júnior Achievement do Espírito Santo.


A qualificação é fundamental para que as mulheres se mantenham atualizadas sobre o mercado e saibam administrar melhor o próprio negócio. Para isso, é importante que tomem conhecimento de temas, como gestão, círculo de negócios, matriz swot e outras estratégias que podem auxiliar as empreendedoras no avanço da gestão das atividades produtivas.


Além disso, o banco de desenvolvimento capixaba dispõe da linha Bandes Retomada, com parte dos recursos para serem destinados, exclusivamente, a empresas lideradas por mulheres. Como fomentador do desenvolvimento sustentável e igualitário no Estado, o investimento, o encorajamento e a capacitação das empreendedoras é imprescindível.


A iniciativa faz parte das estratégias adotadas pelo Bandes como forma de reforçar a capacidade de dar suporte financeiro às empresas do Estado, impulsionando a inclusão de gênero por meio da coleta e do monitoramento de dados desagregados por sexo dos líderes ou proprietários das MPMEs, segundo as melhores práticas. Assim, é possível aumentar a participação efetiva de créditos de capital de giro para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) capixabas e lideradas por mulheres.


As empresárias Denize Nascimento (Nativa Eco Cosméticos); Ana Paula Serrano e Fernanda Sabra Oliveira (Te Atende); Bruna de Magalhães, Thagua de Oliveira e Carolina Pitol (Tudo Delícia) ilustram bem este cenário de fortalecimento do empreendorismo feminino no Espírito Santo.


Para Denize Nascimento, que atua no ramo de cosmética, o plano de negócios e o modelo de atuação da empresa dela têm toda uma preocupação com a inclusão. Por ser liderada por uma mulher negra, há toda uma preocupação em dar oportunidades às pessoas que, como ela, tiveram dificuldades para chegar onde chegou.


“Percebemos que o público quer ser acolhido e, hoje, as pessoas estão com a saúde mental afetada. O novo empreendimento faz uma união entre o espaço físico, a massoterapia e a acupuntura. É a união entre a saúde e os cuidados estéticos”, explica Denize Nascimento. A empresa dela nasceu em 2016 e tem como principal diferencial o fato de que os produtos são elaborados com formulações próprias, isentos de petroquímica, corantes sintéticos, conservantes e gordura animal.

Já as sócias Bruna de Magalhães, Thagua de Oliveira, Carolina Pitol e Bruna de Magalhães estão à frente da empresa que surgiu a partir da percepção da demanda crescente por um local que disponibilizasse lanches, aliado a um ponto estratégico para a abertura do empreendimento e um modelo de negócios que estava em crescimento, o de casas de bolos. “O segmento de confeitaria se tornou, aos poucos, refinado. O bolinho caseiro é um resgate dessa memória de infância, do bolo preparado em casa”, exemplificou Bruna de Magalhães.



Elas contaram com o apoio do Bandes, após fazer a pesquisa de mercado e o plano de negócios, entendendo que as condições apresentadas pelo banco contribuíram para a estruturação do empreendimento. “Tivemos um processo rápido e uma carência que nos permitiu ter fôlego no início das atividades. No começo, todo negócio precisa de um período para ser conhecido pelas pessoas e ganhar conhecimento do mercado para se adaptar”, complementou Bruna de Magalhães.



A startup Te Atende é comandada pelas sócias Ana Paula Serrano e Fernanda Sabra Oliveira/ divulgação Bandes


No caso de Ana Paula Serrano e Fernanda Sabra Oliveira, a startup Te Atende, gerida por elas, passou pelo processo de aceleração digital da Ace, um dos desdobramentos do FIP Funses 1, o Fundo de Investimento em Participação do Fundo Soberano do Espírito Santo, que é operado pelo Bandes. A Te Atende é uma startup com foco no diagnóstico das habilidades e atitudes dos atendentes, pela qualificação e o acervo de profissionais que trabalham com atendimento, sendo o público de varejo e o setor de serviço o principal alvo do negócio delas.


Ana Paula Serrano conta que soube do programa de aceleração digital e logo ela e Fernanda Oliveira realizaram a inscrição. Na época, ainda em fase de validação, a aceleração veio em um momento ideal.


“Foi uma experiência enriquecedora que nos abriu muitas portas. Tudo ocorreu de maneira natural e, mesmo durante as aulas e mentorias, já estabelecemos conexões e até começamos as primeiras captações de clientes”, comentou a empresária.

O diretor-presidente do Bandes, Munir Abud de Oliveira, ressaltou que as ações do banco têm sido um importante mecanismo para as lideranças femininas dentro do setor comercial no Espírito Santo.


“O Estado tem uma pluralidade de negócios de sucessos que são liderados por mulheres. Com o programa de capacitação e a destinação de crédito exclusivo para empreendedoras, o Bandes age para combater a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e intensifica as qualidades profissionais do empresariado feminino”, destacou.

Investimentos como esse de qualificação para empreender e gerar renda possibilitam maior autonomia para as mulheres, aumentando a renda familiar, gerando mais empregos e abrindo novos espaços no mercado.


(matéria produzida para o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo durante período de estágio)

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